JOÃO ALBERTO PEDRINI
DE RIBERÃO PRETO
DE RIBERÃO PRETO
Uma pesquisa desenvolvida na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) propõe uma nova técnica para a realização de enxertos ósseos, usando um material produzido a partir do biosilicato (pó de vitrocerâmica).
Segundo os pesquisadores do LaMav (Laboratório de Materiais Vítreos), o produto, obtido por meio de um processo de cristalização de vidros, pode ser vantajoso quando comparado ao método mais usado hoje: o enxerto autógeno, com material do próprio paciente.
O enxerto ósseo é um procedimento cirúrgico feito em pacientes que perderam parte de um osso. Isso ocorre, por exemplo, quando acontece um acidente ou quando um tumor é removido. A aplicação é feita para corrigir a falha em decorrência da lesão.
Editoria de arte/folhapress | ||
"É um produto poroso. O tecido cresce dentro desse material, e experiências até agora indicam que não há rejeição do organismo."
O doutorando Murilo Camuri Crovace, que iniciou a pesquisa, diz que já foram feitos, por mais de cinco anos, testes in vitro e em animais, com eficácia comprovada da técnica em aplicações na tíbia de roedores.
O próximo passo é achar parceiros para o início de testes em humanos. Ele estima que a opção pode estar disponível no mercado daqui a cinco ou dez anos.
Crovace afirma ainda que o material poderá ser produzido em formas irregulares para se adequar às dimensões do defeito ósseo de cada paciente. "O médico poderia esculpir o produto no momento da cirurgia."
Segundo o pesquisador, também podem ser usadas técnicas como a prototipagem rápida, o que permitirá, a partir de dados obtidos por meio de tomografia, construir pedaços do produto do tamanho exato das lesões.
MENOS INFECÇÕES
O presidente do comitê de reconstrução e alongamento ósseo da Sbot (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia), Rubens Antônio Fichelli Júnior, afirma que a busca por um material que substitua o procedimento de enxerto autólogo, com material do próprio paciente, em lesões ósseas é constante e importante para a medicina.
"Se esses estudos avançarem e a eficácia for comprovada, isso vai facilitar as cirurgias, podendo, no futuro, diminuir riscos de infecções, além de permitir preencher um espaço muito maior de falha [no osso lesionado]."
Fonte: Folha SP
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