sábado, 12 de janeiro de 2013

O remédio que virou refrigerante
 
Quando o farmacêutico John Pemberton criou, há mais de cem anos, uma fórmula para tratar dos "nervos", possivelmente não imaginou que ela seria usada para problemas do estômago.

A Coca-Cola virou refrigerante, mas ainda pode ser usada como remédio. E, como todo remédio, com cautela na dosagem.

Agora, a bebida tem indicação para dissolver as raras bolas compactas de cabelos e vegetais (fitobezoar) que podem se formar no estômago. Elas acabam impedindo a passagem dos alimentos.
Na revista "Alimentary Pharmacology and Therapeutics" deste mês, um trabalho do professor Spiros D. Ladas e colaboradores da Universidade de Atenas afirma até no título que a "Coca-Cola pode efetivamente dissolver fitobezoares como primeira linha de tratamento".

Ladas publicou em 2002 um primeiro estudo sobre o tema. Ele relata que, nos últimos dez anos, 24 trabalhos confirmaram as observações.

Para ele, a dissolução do bezoar pode ser explicada pela acidez do refrigerante (pH 2,6), pelas bolhas do gás carbônico e pela presença do ácido fosfórico, que possui ação detergente.

O refrigerante sozinho dissolve 50% dos casos. Combinado com endoscopia, evita uma cirurgia em mais de 90% dos casos. Também podem ser usados para o bezoar a fragmentação endoscópica, a papaína, as enzimas pancreáticos, a solução alcalina e o bicarbonato de sódio por sua ação mucolítica.


Julio AbramczykJulio Abramczyk, médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico. Na Folha desde 1960, já publicou mais de 2.500 artigos. Escreve aos sábados na seção 'Saúde'.




Fonte: Folha de São Paulo

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Gato de rua se torna guia de cão cego


 
A natureza e suas lições... Em Holyhead (País de Gales), um gato de rua se tornou o melhor amigo de um cão cego. Mais: o bichano se tornou guia de Terfel, de 8 anos, que sofre de catarata, de acordo com a imprensa britânica.

Tudo aconteceu por acaso. Um dia, Pwditat, que fora adotado pela dona do cão, foi até o cesto onde Terfel costuma passar a maior parte do tempo e, em seguida, guiou o amigo até o jardim.
Depois disso, Pwditat passou a agir regularmente como guia do cão.

"Parece que Pwditat percebeu imediatamente que Terfel era cego. Ele usa as patas para guiar o cão. Eles ficam grudados e até dormem juntos", contou Anne Cragg, que cuida dos animais.
 

 
 
 

domingo, 6 de janeiro de 2013

Governo vai definir “lei seca” para medicamentos

Nova legislação já enquadra motoristas que misturam remédios e direção e agora Ministério das Cidades vai regulamentar a fiscalização

Fernanda Aranda, iG São Paulo |
     
Getty Images
Medicamentos ansiolíticos, calmantes, anfetaminas e para o diabetes podem provocar sonolência e tornam a direção de veículos perigosa

A nova Lei seca, que endureceu a pena e dobrou o valor da multa para os motoristas embriagados, também pode punir quem misturar medicamentos e direção.

Legislação foi sancionada dia 21/12
O Ministério das Cidades informou – por meio do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) – que prepara o texto da regulamentação para orientar a fiscalização.
Incluir as drogas terapêuticas como ameaças à direção segura é uma demanda antiga da Associação Brasileira de Medicina Tráfego (Abramet). Desde 2007, a entidade já realiza campanhas para alertar que alguns remédios têm efeitos parecidos com os do álcool na condução de veículos.

Remédios têm efeito parecido com o do álcool na direção
A nova lei seca – sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e já vigente no País – estabelece que além da ingestão de álcool também podem ser penalizados os motoristas que provocam acidentes e são usuários de substâncias psicoativas que causam dependência. Neste grupo, estão contempladas as drogas ilícitas, como maconha e cocaína, e também os remédios, principalmente os de uso controlado, chamados de tarja preta.

Segundo os especialistas, usuários de remédios que provocam sonolência e comprometem a coordenação motora – ansiolíticos, antidepressivos, medicamentos para Parkinson e diabetes, além de anfetaminas e antialérgicos – já devem discutir com os médicos que os prescrevem quais são os possíveis efeitos na condução de veículos e qual é a dosagem máxima segura antes de dirigir.
O Ministério das Cidades informou que para padronizar e definir a fiscalização do uso de medicamentos que tornam a condução de veículos perigosa, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) prepara uma regulamentação. Um grupo formado por especialistas em tráfego e técnicos do Ministério da Saúde discute se é necessário definir dosagens, quais remédios farão parte da fiscalização e os exames clínicos que podem confirmar a presença destas substâncias no organismo.

Fumar maconha antes de dirigir dobra o risco de acidentes
Ainda não há previsão exata para que a regulamentação saia do papel, mas a assessoria de imprensa do Ministério das Cidades diz que este assunto já está na pauta do Contran e estima que até fevereiro as normas estejam prontas.

Punição
Hugo Leal, deputado do PSC e um dos autores da Lei Seca é um dos defensores da inclusão dos medicamentos como potencias inimigos da direção segura. Segundo a equipe de Leal, o objetivo “não é punir o usuário de medicamento, que faz isso por necessidade, mas alertar que as medicações também podem ser perigosas”, informou a assessoria de imprensa do deputado.

“Caso os exames clínicos (que a partir de agora servem como prova da culpa no acidente) comprovarem que o uso dessas substâncias pelo condutor afetou a capacidade de dirigir, ele é enquadrado com o mesmo rigor aplicado a quem está embriagado”, completou a assessoria do deputado.

País gasta R$ 390 por minuto com acidentes de trânsito

Demanda
O Ministério da Saúde, em 2009, também divulgou a necessidade da regulamentação do uso de drogas terapêuticas para motoristas e, naquele ano, informou que discutia com o Ministério das Cidades e com o Denatran como viabilizar este tipo de fiscalização. As discussões não caminharam e o projeto ficou na gaveta. A promessa é que, com a regulamentação, o plano vire prática em 2013.

Muitas pesquisas científicas confirmam o risco da mistura de medicamentos e direção. Entre elas, duas análises – publicadas no PubMed, uma das referências em pesquisas em saúde – reuniram dados sobre acidentes de trânsito catalogados em todos ensaios científicos feitos entre 1966 e 2010. Os dados mostraram que os medicamentos benzodiazepínicos (calmantes) aumentam em 80% o risco de colisões graves. O mesmo levantamento, divulgado pelo Instituto Internacional de Segurança no Trânsito, mostrou que quando as drogas são misturadas ao álcool, o risco de batidas e atropelamentos é 7,7 vezes maior do que o implicado para motoristas sóbrios.

Álcool e remédio: 5 motivos para evitar a mistura
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, em 2011 foram registradas 155 mil internações no SUS relacionadas a acidentes de trânsito, o que representou um custo de mais de R$ 200 milhões.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Rapaz com paralisia será Papai Noel e levará brinquedos para crianças

Ele e a mãe organizam sacolinhas para cerca de 500 crianças.
Dudu, como é reconhecido, entrega os presentes há seis anos.

Do G1 Santos


Um rapaz com paralisia cerebral irá se transformar em Papai Noel e entregará sacolinhas de Natal para crianças em Cubatão, no interior de São Paulo. Ele já realiza a ação há seis anos e neste ano não será diferente.

Mesmo com suas limitações, Dudu, como é conhecido na Vila dos Pescadores, onde mora, sempre procurou ajudar os outros. Aos 37 anos, Dudu busca pessoas que queiram ajudar crianças carentes assim como ele. A mãe do rapaz, Marilene Alves dos Santos, é quem começou a ajudá-lo desde o primeiro Natal em que foi realizada essa ação de solidariedade. “Eu catava garrafa plástica, enchia os malotes e vendia. Os brinquedos que eu achava eu trazia pra casa e o Dudu dava para as crianças.”

A primeira roupa que Dudu vestiu para se transformar em Papai Noel foi encontrada no lixão. Depois ele comprou outra roupa e não parou mais com a distribuição dos presentes. “Deu certo e ele continuou fazendo. Ajudando os outros, que o dom dele é ajudar os outros”, diz a mãe.

Ao todo, 300 crianças estão cadastradas no projeto do Dudu. Mas, apenas 140 ganharam padrinhos até agora. “Um sapato, uma roupa e um brinquedo, esse não pode faltar na sacolinha. Quem quiser colocar um doce, uma toalha de banho, escova de dente, a pessoa Poe o que ela quer”, diz Marilene.

As pessoas que quiserem doar ou ajudar a montar as sacolinhas que serão entregues por Dudu podem entrar em contato pelos telefones 3364-2256 ou 9633-1955 e falar com Marilene.



Fonte: G1

Acupuntura no SUS ajuda pacientes com dores sem solução e já está até na UTI

Em um ano, atendimentos pelo sistema público crescem 76%; agulhas já são usadas por médicos de várias especialidades, de ortopedistas a psiquiatras

Fernanda Aranda, iG São Paulo |
 
Getty Images
Acupuntura no SUS é usada em pacientes com dores sem solução
As agulhadas usadas para aliviar a dor do motoqueiro ferido no trânsito e internado na UTI também são empregadas para tratar a perna da senhora que já passou por todos os médicos, sem resultados. Eles são exemplos de pacientes que estão entre os 1,2 milhão de atendimentos de acupuntura feitos no Sistema Único de Saúde (SUS) no último ano.
 
De acordo com um levantamento inédito feito pelo Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), o total de consultas realizadas em 2011 – tabulados por meio do banco de dados do Ministério da Saúde – representa um aumento de 76,4% comparado as 680 mil feitas no ano anterior.

O crescimento do chamado método alternativo gratuito tem a contribuição das mais variadas especialidades médicas, da ortopedia à psiquiatria. De forma pioneira, é utilizado até mesmo em meio ao maquinário das unidades de terapia intensiva (UTI), como conta Fernando Genschow, médico do CMBA e um dos autores da resolução nacional que estabeleceu, em 2006, as diretrizes da introdução da acupuntura no SUS.

“Acupuntura é neurociência. É um método muito versátil porque as agulhas promovem estímulos neurológicos repercutidos em todas as células do corpo”, afirma o especialista, que atua no Hospital do Distrito Federal.

“Por isso, no último ano introduzimos a técnica nas UTIs. Atendemos especialmente as vítimas de acidentes de trânsito, a maioria motociclistas, com múltiplos traumas no corpo.”

Segundo Genschow, são dois objetivos principais que justificam o emprego das agulhas para pacientes que exigem cuidados intensivos: o alívio da dor, indicação que concentra a maior parte das pesquisas científicas sobre acupuntura, e melhora da função respiratória dos acidentados.

Cristina Gallo/Fotoarena
André Tsai coordena o serviço de acupuntura do HC ao lado de profissionais de diversas especialidades

“Como o tratamento promove uma reprogramação cerebral isso repercute na melhora da respiração. A necessidade de um respirador artificial é a mais frequente para manter o paciente na UTI. Então, além de melhorar a qualidade de vida, a acupuntura também pode reduzir o tempo de internação. Lá na ponta, isso pode até reduzir os custos hospitalares”, completa o especialista.

Celeiro científico
Apesar da experiência na UTI do hospital do Distrito Federal, a maior parte da utilização das agulhas como parte do tratamento no SUS se dá em consultas de rotina, feitas em ambulatórios.

Para ter acesso, o paciente precisa ser encaminhado por um médico do serviço público. É neste contexto que as unidades de acupuntura acabam acumulando casos de pacientes cujas dores não têm solução. São os pessoas que já tentaram inúmeros tratamentos convencionais sem efeito esperado, como conta a dona de casa Maria Eni da Silva Santos, 46 anos, moradora de São Paulo.

“Sofri 10 anos seguidos por causa de uma dor nas costas que queimava, não me deixava levantar da cama e exigiu afastamento do trabalho (auxiliar administrativo)”, lembra.

“Fui tratada por ortopedistas, neurologistas e até psiquiatra. Há 3 anos, meu médico indicou a acupuntura. É um complemento da fisioterapia, mas já após a terceira sessão semanal pude respirar sem sentir dor”, conta ela, que voltou a trabalhar há 3 meses.

Maria Eni é atendida no centro de acupuntura do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC), onde encontra outras pessoas que “já tentaram de tudo” até chegarem ao serviço coordenado pelo médico André Tsai.

Cristina Gallo/Fotoarena
Maria Eni afirma que as agulhadas foram a solução para as dores que a acompanhavam há 10 anos: 'respirei e não doeu'

“Os nossos pacientes vêm de todas as áreas do HC, desde o Instituto do Câncer até o Instituto Central. Também são referenciados por Unidades Básicas de Saúde (UBS) próximas ao hospital”, diz Tsai.

“Nossa equipe é formada por ortopedistas, fisiatras, neurologistas, psiquiatras e clínicos gerais que também são acupunturistas. É o que permite dar conta das mais variadas queixas, muitas que se estendem por anos”, define.

Dores, insônia, depressão, paralisias faciais e pneumonias estão entre os problemas dos 200 casos novos recebidos mensalmente no centro de acupuntura do HC. Eles também ajudam a formar o celeiro científico existente no local, já que – com o apoio dos estudantes de medicina que também atuam na unidade – são conduzidas pesquisas científicas para comprovar (ou não) a eficácia da acupuntura na melhora dos quadros clínicos mais variados.

Barreiras
Ampliar as comprovações científicas da indicação da acupuntura como tratamento é uma das barreiras para que mais unidades públicas ofereçam a prática. Por ora, os estudos científicos mais contundentes são internacionais e concentram-se no uso da acupuntura para o alívio da dor.

Cristina Gallo/Fotoarena
Leila tinha um tumor na medula espinhal: "a acupuntura me fez voltar a andar e me ajudou em tudo"

“Eu gostaria de ser estudada porque a acupuntura salvou a minha vida”, afirma a psicóloga Leila Strazza.

Há 17 anos, ela teve um tumor na medula espinhal de por causa da cirurgia acabou na cadeira de rodas.

“As agulhadas não só me fizeram voltar a andar, como me ajudaram com a depressão, com as dores e até melhoraram a qualidade da minha visão. Eu englobo todas as maravilhas que a acupuntura pode promover”, acredita ela que, de fato, é estudada pela equipe do HC.


Além das comprovações científicas, a acupuntura gratuita ainda é feita por apenas 500 médicos em todo País, o que indica que o acesso não é universal. Não só dos dados científicos precisam ganhar fôlego como também as vagas para acolher os pacientes, avalia o CMBA.



Fonte: IG
 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Os perigos do "dr. Google" para sua saúde

 
 
Procurar diagnóstico na internet pode agravar problema
 
 
 
Internet é cheia de usuários que acreditam poder dar conselhos médicos / SXC
Eliane Quinalia/Metro SP
 
 
 
Consultar o Google para buscar um diagnóstico ou desvendar um exame pode ser mais prejudicial do que se imagina. Além de expor o corpo a possíveis complicações físicas – quando há a interpretação errônea de uma doença -, o autodiagnóstico pode trazer ainda outros problemas, como os de origem emocional. A ansiedade, a insônia, as alterações de humor e a depressão, são alguns deles.

E os perigos não param por aí. A percepção positiva ou negativa de quem avalia um resultado também pode agravar ainda mais a situação, conforme sugere uma recente pesquisa da Universidade de Hong Kong de Ciência e Tecnologia. Segundo o estudo, enquanto os mais otimistas negligenciam uma grave doença, os pessimistas fazem justamente o contrário. Ou seja, superestimam algo que não exige atenção.

Quem confirma essa teoria é o ginecologista Marcelo José Rojas da Silva, de São Paulo, que afirma já ter enfrentado ambas situações. “Já tive pacientes que abriram o exame em casa e disseram estar em tratamento psiquiátrico para tentar lidar com a suposta doença apresentada no laudo”, conta o médico, que explica que, neste caso, as pessoas envolvidas sequer retornaram ao consultório antes de se autodiagnosticarem para confirmar o problema em questão.

Hoje, muitos laboratórios alteraram a forma de apresentação de alguns exames para evitar essas situações. Quem olhar o resultado do papanicolau, que detecta doenças no colo do útero, por exemplo, já não mais encontrará as tradicionais classificações I, II, III, IV e V na conclusão.

Segundo Silva, a mudança foi necessária para inibir a autoavaliação das mulheres. “Como elas interpretavam os resultados e muitas vezes sequer retornavam ao médico ao ler um resultado compatível com um tumor, muitos laboratórios resolveram mudar a apresentação do exame.”

Internet problema

E apesar de todos os benefí- cios da rede, ainda há quem considere a internet um problema, dada a pouca credibilidade e qualidade das informações. Para piorar, vale lembrar que é justamente nesta rede que muitos usuários ‘metidos’ a doutores atuam, o que deve ser encarado com atenção.

“As informações que um paciente recebe pela internet nem sempre são reais. Ele não pode querer comparar o exame dele com o resultado de outra pessoa, pois cada caso tem suas particularidades”, diz Silva que teme, principalmente, por aqueles que partem para a automedicação após uma pesquisa na rede.

Para finalizar, o ginecologista descreve ainda a conduta do brasileiro como perigosa. “Ele lê o resultado do exame, busca dados na internet, vai à farmácia e pergunta qual remédio deve tomar”, diz o especialista.

Curiosidade sem fim


Quem não resiste à tentação de procurar resultados de exames no Google é a especialista em Tecnologia da Informação Fabiana Loturco. A paulistana, de 34 anos, conta que o hábito já a fez imaginar ter problemas que ela não tinha.

“Certa vez um exame apontou que eu estava com deficiência de vitamina D. Procurei na internet e encontrei coisas horríveis sobre o assunto, mas na consulta fui informada de que estava tudo bem”, lembra Fabiana, que confessou ter questionado o diagnóstico da médica por conta de sua pesquisa. “Eu questionei, mas ela explicou que somente com o resultado de outros exames era possível fazer um diagnóstico."
Cada hora sentado pode reduzir expectativa de vida em 21 minutos, diz pesquisa


JULIANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
 

Cada hora que uma pessoa passa sentada depois dos 25 anos reduz sua expectativa de vida em 21 minutos, dez minutos a mais que fumar um cigarro, diz uma pesquisa australiana que acaba de ser divulgada.

Esse é o segundo estudo em apenas um mês a concluir que passar muito tempo sentado eleva os riscos de diabetes e doenças cardiovasculares, além de encurtar a vida significativamente.
A pesquisa foi desenvolvida por Jacob Veerman, da Universidade de Queensland, na Austrália, e publicada no "The British Journal of Sports Medicine".

Veermant, que é médico e especialista em modelagem preditiva - uso de estatísticas para fazer previsões -, usou dados de 12 mil australianos coletados por um levantamento nacional sobre diabetes, obesidade e estilo de vida. Os entrevistados responderam perguntas sobre seu estado de saúde, doenças que já tiveram, frequência em que se exercitavam, tabagismo e hábitos alimentares.

No meio do questionário, a pergunta-chave: quantas horas de televisão você assiste por dia?
O objetivo não era medir o tempo em frente à tela especificamente, e sim chegar a um número aproximado da quantidade de horas que a pessoa passava sentada. Com esses dados em mãos, os pesquisadores tentaram isolar o fator de risco trazido pela longa permanência sentado de outros hábitos pouco saudáveis como fumar e não se exercitar.

A conclusão foi que um adulto que passa seis horas diárias sentado em frente à TV deve viver quase cinco anos a menos que uma pessoa que não assiste televisão. A previsão se aplica mesmo aqueles que fazem exercícios regularmente.

Outro estudo sobre o tema foi publicado no jornal científico "Diabetologia", da Associação Europeia de Estudo em Diabetes, e revisou 18 pesquisas que levavam em consideração não apenas o período em que a pessoa permanece sentada em frente à TV como também o tempo sentado no trabalho. Somados, os 18 estudos tinham uma base de 794.577 entrevistados.

"Um adulto passa entre 50 e 70% de seu dia sentado", afirma Emma Wilmot, endocrinologista da Universidade de Leicester, na Inglaterra, que conduziu a pesquisa. Em entrevista à Folha ela disse que o corpo humano simplesmente não foi projetado para passar tanto tempo sentado.

"Quase todos os empregos hoje em dia obrigam as pessoas a ficarem sentadas na frente de uma tela. Quando saem do trabalho, o que elas fazem? Jantam, vão ao cinema, leem, assistem TV. Ou seja, continuam sentadas", diz Wilmot.

O estudo inglês afirma que pessoas que passam mais de sete horas diárias sentadas têm um aumento de 112% no risco de desenvolver diabetes, 147% no risco de doenças cardiovasculares e 49% no risco de morrer prematuramente mesmo que se exercitem regularmente.

O que os médicos ainda não sabem exatamente é por que uma atividade tão trivial quanto sentar seria prejudicial ao corpo.

Uma das possíveis explicações é a a ausência prolongada de contrações dos músculos esqueléticos, sobretudo nos músculos mais longos das pernas. "Quando o músculo não se contrai, ele consome menos energia. Essa energia se acumula no sangue na forma de açúcar, elevando o risco de diabetes e de outras doenças", explica Veerman em entrevista à Folha.

"Depois de meia hora sentado o corpo liga o 'modo repouso' e a taxa metabólica cai", explica João Eduardo Salles, diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes e professor da Santa Casa de São Paulo.
Ficar de pé evita essa queda pois o músculo permanece rígido, o que consome mais energia. "De pé a mudança de posição é mais frequente, a pessoa se movimenta involuntariamente", diz Salles.

Mas pense bem antes de aposentar as cadeiras de casa. Para Raquel Casarotto, professora de fisioterapia da USP, soluções como trabalhar em pé usando mesas altas não são vantajosas. "Quem trabalha de pé sente dores nas pernas. Aqueles que precisam digitar nessa posição, em estações de trabalho altas, sobrecarregam a coluna, os braços e o pescoço", explica. "O ideal é se movimentar. Se for para ficar parado é melhor sentar", conclui.

Já Antônio Chacra, endocrinologista e diretor do Centro de Diabetes da Unifesp, concorda com as conclusões das pesquisas, mas acha os números exagerados. "Essa contabilização exacerbada da saúde é coisa de médico americano. Fazendo isso você ganha quatro minutos de vida, fazendo aquilo perde dez. Reconheço que tem um papel didático, o paciente fica logo assustado, mas que é esquisito, isso é", opina.



Fonte: Folha de São Paulo

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