segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Bebês gerados a partir de ‘três pais’ estariam livres de doenças genéticas

Manipulação genética livraria criança de doenças hereditárias
Manipulação genética livraria criança de doenças hereditárias Foto: Mônica Imbuzeiro /
O Globo
 
O governo britânico realiza uma consulta pública no país para decidir, até o dia 7 de dezembro, se legaliza ou não a manipulação genética de um bebê cujos pais têm problema hereditário. Para eliminar as características genéticas negativas que causam doenças ainda hoje incuráveis para pais, filhos e netos, a técnica apelidada de “três pais” usa material genético de três indivíduos diferentes. Uma “mãe externa” doa parte de seu DNA para substituir os genes doentes da mãe.
O que está em discussão é uma técnica recente, que ainda nem tem nome científico. O procedimento é parecido com a inseminação artificial: o espermatozoide do pai fertiliza o óvulo materno em laboratório, fora do útero da mulher, para depois ser reinjetado no corpo da mãe. A diferença está no material genético.
Primeiramente, retira-se o óvulo da mãe que tem um defeito congênito que desencadeia, por exemplo, a distrofia muscular. A medicina moderna ainda não encontrou uma forma de vencer essa terrível doença: a musculatura vai se degenerando de maneira rápida e crescente, e o paciente quase sempre acaba em uma cadeira de rodas.
O gene da distrofia muscular se manifesta principalmente em homens, mas está no cromossomo X (da mulher). Isso significa que as mulheres, embora não manifestem a doença, carregam o gene “contaminado” consigo.
O que os cientistas fazem neste novo método é coletar o óvulo da mãe, retirar apenas o núcleo e injetá-lo em uma célula de outra mulher, criando um novo óvulo. Lá dentro, haverá os genes do núcleo da mãe biológica, mas as mitocôndrias serão as da mãe doadora.
Depois, cientistas fertilizam esse óvulo com um espermatozoide do pai e recolocam o óvulo no útero da mãe. Nove meses depois, nasce uma criança com um pai e duas mães.
Cientistas acreditam que esse mecanismo pode ser a cura para todas as doenças congênitas. O bebê nascido dessa maneira tem 99% de material genético dos pais biológicos e apenas 1% da "mãe externa", mas está totalmente livre do risco da doença, bem como todos os seus descendentes.
A aprovação de uma medida como essa por parte do governo britânico, no entanto, levanta discussões. Há quem se pergunte como fica a identidade de uma criança ao saber que possui, mesmo que biologicamente, três genitores. Outros argumentam que isso é um preço muito pequeno a se pagar para que possamos, no futuro, erradicar todas as doenças genéticas da face da Terra. Os ingleses, pioneiros no assunto, terão dois meses e meio para pensar sobre isso.


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/bebes-gerados-partir-de-tres-pais-estariam-livres-de-doencas-geneticas-6164910.html#ixzz27NraHwb3

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