domingo, 29 de julho de 2012

Testes genéticos e prontuário automatizado indicam os melhores medicamentos para cada paciente

Farmacogenética está por trás da ciência que produziu a droga contra o câncer de mama A saia justa que fica elegante em umas e desastrosa em outras. Ou o prato apimentado indiano que só poucos suportam? Eles têm tudo a ver com características pessoais. Remédios também. Não com fatores evidentes como formato do corpo ou paladar. Mas com ínfimas variações no DNA, que podem se tornar questão de vida e morte em doenças graves. Uma droga que funciona para o seu amigo pode ser tóxica ou ineficaz para você. Essas variações são foco de um instrumento avançado da medicina, até há pouco tempo restrito à ficção científica, que semana passada chegou ao Sistema Único de Saúde (SUS). Bem-vindo ao mundo da farmacogenética, área de nome grande e promessas maiores ainda. Tema de um encontro internacional de cientistas mês passado no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio, a farmacogenética está por trás da ciência que produziu a droga contra o câncer de mama caríssima e eficaz para 15% das pacientes e que será distribuída pelo SUS. Ineficaz para a maioria, ela salva vidas se dada à mulher certa. É uma parte da medicina que começa aos poucos a entrar na prática clinica e dar forma a receitas eletrônicas. Prescrições automatizadas de medicamentos baseadas não só no diagnóstico do paciente e no histórico familiar, como no cruzamento de dados genéticos dessa pessoa com as caracteristicas dos medicamentos. Pulo do gato da medicina cotidiana Assim como as roupas, os remédios não se adequam da mesma forma em todo mundo. Funcionam bem para uns, são razoáveis para muitos e perigosos para um certo grupo de desafortunados. É uma loteria genética cujo resultado pode ser antecipado não por bolas de cristal, mas por análises de marcas específicas no DNA. — A farmacogenética espera dizer se uma droga é adequada para um paciente e a dosagem em que deve ser administrada — explica o chefe do Programa de Farmacologia do Inca e coordenador da Rede Nacional de Farmacogenômica, Guilherme Kurtz, organizador do evento no Rio e um dos pioneiros do estudo da farmacogenética no Brasil. O câncer é um dos principais e primeiros alvos. Funciona assim: o médico pede ao paciente diagnosticado que faça um teste que busca variações específicas no DNA, associadas previamente à ação no organismo de certas doenças. Algumas pessoas metabolizam drogas depressa ou devagar demais, o que pode reduzir a eficácia ou causar efeitos adversos. A maioria das pessoas possui grau intermediário. De posse do resultado, o médico saberá o quanto do medicamento o paciente deve tomar ou se é melhor descartar o remédio. O primeiro grande passo mundial rumo às receitas médicas eletrônicas foi dado pela Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês), ao recomendar testes genéticos para o uso de 12 drogas. A Transtuzumab (Herceptina) que será distribuída pelo SUS é uma delas. Cada ampola custa cerca de R$ 9 mil. E são necessárias várias para tratar uma mulher com câncer de mama. Dinheiro jogado no lixo se o remédio for dado a 85% das pacientes com a doença, mas que salvará vidas se empregado no tratamento das 15% com tumores vulneráveis. No caso, se analisa o tumor e não a paciente, explica o especialista em câncer de mama do Inca José Bines. — Esse medicamento foi desenvolvido com o alvo específico, uma proteína da superfície de certos tipos de tumor da mama — observa Bines. Essa é uma das estratégias da farmacogenética. Outra é descobrir como os remédios existentes funcionam em cada pessoa, para a prescrição da dose correta. Variações genéticas não são as únicas responsáveis pela forma como um paciente reage a um medicamento. Fatores ambientais, gravidade da doença, idade, tabagismo, enfim, uma série de elementos precisa ser considerada. Mas para alguns remédios o componente genético pesa mais para eficiência e risco de efeitos colaterais. A lista (acima, nesta página) da FDA tem drogas desse tipo. Guilherme Kurtz salienta que o tratamento de cânceres e doenças cardiológicas, neurológicas, infecciosas e hematológicas será beneficiado por essa tecnologia, que ainda evolui nos laboratórios de centros de pesquisa mas já produz resultados que podem melhorar a medicina. — Não serão todas as drogas, mas para algumas a farmacogenética fará grande diferença. A prescrição eletrônica será um verdadeiro pulo do gato — frisa ele. Nenhuma droga contra a tuberculose está na lista da FDA. Mas para Mara Hutz, professora titular do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, uma deveria estar. É a Isoniazida, uma das mais usadas. Pessoas que têm a chamada variante lenta do gene NAT2 metabolizam mais devagar o remédio e, por isso, sofrem complicações no fígado, que podem ser muito graves. O problema é que a variante lenta é comum. Se testes genéticos específicos fossem usados regularmente, o tratamento poderia melhorar. — Ao identificar as pessoas com a forma lenta, aumentaríamos a aderência dos pacientes ao tratamento e o risco de surgimento de tuberculose resistente. O teste custa relativamente barato, cerca de R$ 150, e pode ter grande impacto positivo — diz Mara Hutz, cujo grupo começou a estudar a aplicação da farmacogenética no mal de Parkinson e na malária. Avanços em cirurgias do coração O geneticista Mariano Zalis, diretor de pesquisa da Progenética, empresa especializada em testes genéticos, diz que uma segunda droga contra o câncer baseada no conceito de medicina personalizada deve ser lançada em setembro. O remédio atua somente contra um tipo específico de melanoma, mas promete maior eficácia. — A farmacogenética está acessível na rotina de laboratórios principalmente nos EUA e na Europa. No Brasil, os exames ainda estão com valores muito elevados, mas o mais importante é que os médicos não têm cultura de pedir estes exames. No futuro quase presente, todos terão que saber se são metabolizadores lentos, rápidos ou intermediários para tomar um remédio — diz Zalis. Mara Hutz pondera que o importante é saber como os medicamentos que já estão no mercado funcionam em cada paciente. A receita eletrônica nunca será para todas as drogas e todos os pacientes, mas promete avanços em procedimentos médicos comuns como cirurgias para implantação de stents ou próteses cardíacas, por exemplo. Fonte:O Globo

domingo, 22 de julho de 2012

Contra pirataria, remédios vão ganhar seu próprio 'RG'

Contra pirataria, remédios vão ganhar seu próprio 'RG' Para conter o comércio de medicamentos falsificados e estancar um prejuízo anual de 13 bilhões de reais, uma lei de 2009 deve finalmente sair do papel e permitir o monitoramento de remédios desde a fábrica até o balcão da farmácia Guilherme Rosa Polícia Federal apreende anabolizantes e remédios contra impotência ilegais na fronteira com o Paraguai em março de 2012 (PF/Divulgação) A Organização Mundial da Saúde estima que 10% dos remédios consumidos no mundo sejam falsificados. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a taxa sobe até 30%. Para conter a pirataria e estancar um prejuízo estimado em 13 bilhões de reais ao país por ano, uma lei de 2009 deve finalmente sair do papel no segundo semestre deste ano. O texto cria o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos e deve permitir que os remédios sejam rastreados desde a fabricação até o balcão da farmácia. A norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confere a cada medicamento um identificador único – uma espécie de RG do remédio. O comércio de medicamentos falsificados é considerado crime hediondo, com pena de 10 a 15 anos de prisão. Para enganar o consumidor, os piratas copiam as caixas, as embalagens e até mesmo as cores e formatos dos comprimidos. Na melhor das hipóteses, as vítimas estarão consumindo uma pílula de farinha e correrão, sem saber, todos os riscos de quem interrompe ou nem inicia o tratamento médico. Na pior das hipóteses, estarão consumindo outra substância qualquer, potencialmente prejudicial, às vezes letal. Em 2006, mais de 100 pacientes morreram no Panamá por conta de medicamentos feitos com glicerina falsificada. Em 2008, versões contaminadas do anticoagulante Heparina, importadas da China, mataram 62 pessoas nos Estados Unidos. Em 2011 foram apreendidas na Inglaterra versões piratas dos remédios Truvada e Viread, contra a aids. Estimativas da International Policy Network, organização sediada em Londres, mostram que o consumo de remédios falsos contra tuberculose e malária foi responsável por mais de 700.000 mortes até hoje. Segundo o diplomata Roberto Abdenur, atual presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), a falsificação de remédios é a forma mais cruel de pirataria. Enquanto na maioria das vezes o consumidor de eletrônicos, CDs e DVDs piratas sabe que está comprando produtos falsos, aquele que compra os medicamentos frequentemente está agindo de boa-fé. 'E os mais pobres, em busca de preços acessíveis, são os mais afetados', afirma. Saiba como identificar os remédios falsificados Segundo uma pesquisa encomendada pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), 6% dos brasileiros compram remédios em camelôs, e 1%, em sites não autorizados. A Interfarma dá algumas dicas para o consumidor reconhecer os produtos piratas: -------------------------------------------------------------------------------- • Raspadinha - Todos os medicamentos têm na embalagem uma espécie de “raspadinha”. Com qualquer objeto metálico é possível raspar e encontrar um código de segurança do produto. • Selo de segurança - Medicamentos mais caros também têm selos de segurança na parte interna. Na dúvida, entre em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do fabricante. • Formas e cores - Farmacêuticas investem para variar a forma de seus comprimidos. Alguns são triangulares, outros em forma de balão. Outro diferencial são as cores, texturas e logomarcas fixados na pílula. Prestar atenção nestes detalhes também ajuda a evitar produtos pirateados. • Confiança na venda - Por fim, outra forma de evitar a falsificação é sempre recorrer a pontos de venda de confiança e exigir nota fiscal da venda. Pirataria on-line – Segundo a Anvisa, os pontos de venda tradicionais de remédios piratas são camelôs e feiras livres. Mas medicamentos falsos também podem ser encontrados em farmácias, principalmente fora dos grandes centros do país. "O mercado brasileiro é muito grande. Temos muitos municípios onde a fiscalização é tênue, e a informalidade, alta", afirma Sérgio Mena Barreto , presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Na última década, o avanço tecnológico abriu mais uma rota para esse comércio ilegal: a internet. Segundo uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde e divulgada pelo jornal O Globo, existem cerca de 1.200 sites ilegais que vendem remédios no país. A Anvisa informa que as farmácias on-line só podem funcionar se também existirem fisicamente, com endereço comprovado, e com a autorização da agência. Segundo o delegado Paulo Alberto Mendes Pereira, da 2ª Delegacia de Saúde Pública e Crimes Envolvendo Medicamentos, de São Paulo, o combate a essas farmácias não é fácil. “Muitos desses sites estão registrados em outros países, o que dificulta o trabalho. No entanto, há 40 dias realizamos uma operação onde apreendemos 4 mil remédios comercializados ilegalmente pela internet”, conta. Armas e drogas – Segundo o Centro para Medicina de Interesse Público, grupo de pesquisa americano financiado pela indústria farmacêutica, o mercado mundial de medicamentos falsos cresce anualmente 13%. A pirataria é praticada em escala global e assim se liga a outras máfias, ao tráfico de drogas e ao de armas. "Já foram apreendidos carregamentos de remédios piratas nos mesmos contêineres que eletrônicos falsos e munições”, diz Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria (FNCP), entidade formada por empresas brasileiras com o objetivo de combater a falsificação de produtos. Só no Brasil, Vismona calcula que os prejuízos alcancem 13 bilhões de reais, dos quais cinco bilhões só em sonegação de impostos. O RG do remédio – Atualmente, os mecanismos de certificação dos medicamentos no Brasil são frágeis. 'Não há como controlar os lotes de remédio', diz Sérgio Mena Barreto, da Abrafarma. Já a nova tecnologia a ser implantada pela Anvisa tornará possível monitorar todo medicamento produzido e vendido no Brasil ao longo de toda cadeia produtiva. Quando a lei foi foi aprovada, em 2009, estipulou-se que a Anvisa teria três anos para estabelecer as normas a serem usadas. Por fim, a agência decidiu adotar uma tecnologia conhecida como Datamatrix, parecida com o código de barras. Mas, enquanto este último permite o armazenamento de apenas um número de vários algarismos, o Datamatrix possibilita a leitura de vários dados, pois as informações são guardadas tanto em linhas quanto em colunas. O código deve conter o número de registro da droga, lote, validade e um identificador único do medicamento, que funcionaria como uma espécie de RG. Segundo a Anvisa, os detalhes sobre o sistema de identificação ainda estão sendo fechados e devem ser anunciados no segundo semestre. Espera-se que a lei enfim saia do papel. Nesses três anos de discussões, foram apreendidos no Brasil mais de 153.000 comprimidos de remédios falsos. Só no ano passado, foram realizadas 40 operações conjuntas, durante as quais foram interditados 177 estabelecimentos e presas 156 pessoas. Veja quais remédios foram falsificados nos últimos três anos "Os remédios mais pirateados são aqueles que vendem muito e são caros”, diz João Fittipaldi, diretor médico da Pfizer Brasil. “Ninguém vai falsificar a aspirina.” Entre os principais alvos dos falsários estão remédios contra disfunção sexual (como o Viagra, da Pfizer), emagrecedores e anabolizantes. Mas já houve apreensões de medicamentos contra o câncer e até de vacinas contra a gripe. Confira abaixo: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/remedios-que-podem-matar

Rir é o melhor remédio: cientistas estudam a risada

Da piada mais engraçada ao 1º riso: cientistas estudam a risada Pesquisadores tentam entender a risada Foto: Getty Rir é o melhor remédio. A não ser que você morra de tanto gargalhar. Essa situação foi retratada pelo grupo de comediantes britânicos Monty Python em 1969, na esquete "A piada mais engraçada do mundo". Ela era tão engraçada, que concretizava a expressão "morrer de rir". No roteiro, passou a ser arma de guerra contra os nazistas, que logo tentaram criar também sua piada mortal. Mas a busca pela piada mais engraçada pode ser trabalho sério. Cientistas como Richard Wiseman se dedicaram a essa tarefa para entender as origens, os efeitos e as características da risada. Conheça a ciência do riso. Entre 2001 e 2002, Wiseman, professor de psicologia na Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, comandou, no Laboratório do Riso (LaughLab), um experimento que coletava piadas através de um site na internet. Além de enviarem piadas, os usuários eram incentivados a apontar quais eram as melhores. Com 1,5 milhões de votos registrados, encontrou-se a piada mais engraçada do mundo. Esta foi a campeã: "Dois caçadores estão em uma mata, quando um deles cai no chão. Ele não parece respirar, e seus olhos estão vidrados. O outro caçador pega seu celular e chama o serviço de emergência, apavorado: 'Meu amigo está morto! O que eu posso fazer?'. O telefonista diz: 'Acalme-se, eu posso ajudar. Primeiro, vamos ter certeza de que ele está mesmo morto'. Segue-se um silêncio e, depois, um tiro é ouvido. De volta ao telefone, o homem diz 'OK, e agora'?". As reações É provável que, após a leitura dessa piada, seu organismo tenha passado por diversos processos diferentes. A risada decorrente pode gerar a contração de 28 músculos faciais, de acordo com Eduardo Lambert, clínico geral e homeopata, autor do livro A terapia do riso. Essa ação, por sua vez, ativa no cérebro a produção de serotoninas e endorfinas, substâncias analgésicas que se assemelham à morfina. Ao se espalharem pelo corpo, elas acarretam sensação de relaxamento e bem-estar emocional e corporal. As reações não param por aí, segundo a química e cientista Conceição Trucom. O ritmo cardíaco acelera, resultando em um aumento da circulação de sangue e oxigenação das células, tecidos e órgãos. A absorção de oxigênio pelos pulmões aumenta, e, a longo prazo, há um incremento da capacidade e tonicidade pulmonar. Os músculos abdominais são trabalhados, o que melhora a digestão e revigora o trabalho hepático. E, por fim, há uma redução da pressão arterial e fortalecimento do sistema imunológico. As origens Chega a ser engraçado que tudo isso decorra de algumas linhas de texto, algumas falas na televisão ou apenas a visualização de um tropeção do cidadão ao lado. É por isso que a ciência se debruça sobre o assunto. Robert Provine, professor de Psicologia e Neurociências na Universidade de Maryland, Estados Unidos, explica que a risada é uma vocalização, possível por meio da evolução da respiração dos primatas para o homo sapiens. De acordo com Provine, autor do livro Laughter: A Scientific Investigation ("Risada: uma investigação científica", em português), a risada não se aprende. "O riso é um instinto humano universal. Ao contrário do choro, que está presente desde o nascimento, o riso se desenvolve mais tarde, aos três ou quatro meses, mas certamente ele é inato", esclarece. No ano passado, pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, realizaram experimento para demonstrar que uma boa gargalhada gera substâncias químicas que agem como analgésico natural. Foi feito um teste com dois grupos, um submetido a sessões de comédia e outro a vídeos considerados entediantes. O primeiro grupo resistiu até 10% mais tempo à dor após as risadas provocadas pelas cenas de humor. Já o segundo aguentou menos tempo depois da programação chata na televisão. O antropólogo que conduziu a experiência, Robin Dunbar, estuda os processos evolutivos da sociedade. É dele a teoria de que o tamanho do cérebro humano limita o círculo social em até 150 pessoas, aproximadamente. Segundo Dunbar, sua pesquisa pretendia, primeiramente, testar a liberação da endorfina promovida pela risada, o que foi feito. Agora sua intenção é provar que o riso ajuda a criar laços afetivos entre as pessoas e a promover atitudes mais generosas um ao outro. Muitas vezes, o riso tem ligação com as relações sociais, e não com a comédia. "Ouvir ou ver uma pessoa rir faz com que o outro também ria, sem mesmo ter algum motivo. O contágio da risada é percebido como muito positivo, porque se ri também da risada e não apenas de alguma piada ou comportamento", afirma a antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mirian Goldenberg, em um artigo intitulado "O gênero da risada". Provine, cujo novo livro, Curious Behavior: Yawning, Laughter, Hiccupping, and Beyond, será lançado no próximo mês nos EUA, pensa da mesma forma. Segundo ele, é 30 vezes mais comum rir acompanhado de outras pessoas do que sozinho. "O riso é um sinal que enviamos aos nossos companheiros. Quando rimos com nossos amigos, criamos uma ligação. O humor é responsável por apenas uma pequena parcela do riso humano", reforça o psicólogo. Na mesma linha de Dunbar, um estudo dos pesquisadores espanhóis Jorge Navarro e Pedro C. Marijuan aponta teorias e evidências da evolução do riso. Segundo eles, por exemplo, a risada pode ter se tornado uma ferramenta de diferenciação social em um grande grupo. Ela serviria para atrair a atenção quando outros estivessem conversando. Para entender essa evolução, cientistas britânicos deram início, no fim de 2011, a um experimento que envolvia cócegas em gorilas. O intuito era captar as semelhanças entre o riso de diferentes primatas, para traçar as origens do riso. As conclusões ainda não são definitivas, mas pode se supor que a risada tenha de 30 a 60 milhões de anos. Risada contra a dor A gelotologia (mais conhecida como risologia no Brasil) é a disciplina que estuda o riso, o humor e seus efeitos sobre o corpo, a partir de uma perspectiva científica, médica, psicológica e fisiológica. O estudo do riso se intensificou na década de 60, com o depoimento de Norman Cousins em seu livro Anatomia de uma doença, no qual ele descrevia um tratamento médico associado a ações de bom humor e risadas. Nessa época, surgiu também o movimento de humanização do ambiente hospitalar, defendido e propagado por Hunter "Patch" Adams, que teve Robin Williams como protagonista de sua história no filme O Amor é Contagioso (2008). Conforme Lambert, "A alegria e o riso são importantes, porque as endorfinas e as serotoninas têm ação antidepressiva, elas ajudam a espantar o baixo astral, o mau humor e a irritabilidade", explica Lambert. Foi buscando uma forma de se distrair e esquecer do estresse da profissão que o advogado Marcelo Pinto, hoje conhecido como Dr. Risadinha, desenvolveu seu interesse pela risologia nos anos 2000. Após começar um trabalho voluntário, em 2003, o objetivo de compartilhar os benefícios e a importância do riso para a saúde se intensificou. "O riso e especialmente a gargalhada funcionam como uma forma de catarse, ou seja, um meio de extravasar as emoções, aliviando as tensões diárias e reduzindo conflitos, além de trazer uma infinidade de benefícios para a nossa saúde", argumenta o autor do livro Sorria, você está sendo curado (Editora Gente, 2008). Agentes de saúde O riso é tão importante na sociedade, que não há apenas indivíduos dedicando seu trabalho ao estudo do fenômeno, mas também seres cuja profissão se constitui em provocar, na plateia, aquelas reações descritas no início do texto, como a contração dos músculos faciais, a aceleração do batimento cardíaco e a liberação da endorfina. "É muito prazeroso trabalhar com o que se gosta e ainda melhorar o dia de outra pessoa ao fazê-la rir, passando alguma mensagem que eu acredito", diz o humorista gaúcho Nando Viana, que faz comédia stand-up. Smigol, do grupo Comédia em Pé, concorda: "Provocar o riso em alguém é a mesma sensação de quando você faz uma boa ação. Eu me sinto fazendo o bem para as outras pessoas, podendo ajudar". No fim das contas, pouco importa se o riso advém de uma interação social ou da fruição de um texto. "A risada é decorrente de um estado emocional, que desperta a graça e a alegria e ativa a química que gera bem-estar, e este alto astral é benéfico e pode contagiar as pessoas", finaliza Lambert. Ou seja, a menos que se tenha um ataque cardíaco ou se engasgue em uma sucessão de gargalhadas, ninguém morre de rir. Fonte: Terra

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