sábado, 9 de outubro de 2010

A terceira onda da gripe suína

Especialista em infectologia alerta para uma nova pandemia do vírus H1N1. E a história indica que os idosos serão os mais afetados em um novo ataque dos micro-organismos.
Há pouco mais de um ano, o planeta estava em alerta. A preocupação com o risco de pandemia nos primeiros meses deu lugar ao alívio com a criação da vacina capaz de imunizar seres humanos contra o vírus H1N1, causador da gripe suína.
Entretanto, o risco de uma nova onda da doença existe. O alerta foi feito pelo virologista John Oxford, professor da faculdade Barts & The London School of Medicine and Dentistry de Londres, um dos principais pesquisadores no mundo do vírus influenza, em visita ao Conselho Global de Higiene, realizado no Brasil em junho. VivaSaúde conversou com o especialista. Confira a entrevista.

O H1N1 está controlado?

As pandemias de 1918, de 1957 e de 1968 surgiram em diversas etapas. Esses surtos nos mostram que o problema piorou conforme as ondas se sucediam. Então, se estamos interessados em preveni-las, ainda é preciso tomar muito cuidado. Muitas pessoas acreditam que tudo está controlado. Mas no ano que vem haverá uma mudança. É quando deveremos redobrar a atenção, pois o único grupo que não foi atacado até agora é o das pessoas com idade superior a 65 anos. E são essas as pessoas mais vulneráveis ao vírus influenza e, em geral, aquelas que morrem em decorrência de complicações da gripe. Os idosos, na história das pandemias do século passado, foram os que tiveram a maior taxa de mortalidade no terceiro ano de surto, em comparação ao primeiro ano.
O influenza é um organismo que se adapta. O vírus mais perfeito é aquele que se encaixa em todos os grupos e faixas etárias. Neste momento, o H1N1 ainda não atinge todas as classes. Atualmente, o agente ataca jovens, obesos e mulheres grávidas. Portanto, o grupo de idosos com mais de 65 anos, que corresponde a 20% da população, no momento está seguro. Infelizmente, eu não acho que essa situação continuará dessa forma. E esse micro-organismo vai criar mutantes, variantes genéticos, e no final um deles conseguirá atacar os idosos. Depois, ele se tornará o tipo dominante, capaz de atingir todo tipo de indivíduos.

Esta pandemia é tão perigosa quanto às do século passado?

Eu acho que esse surto está sendo subestimado. Ao analisar o número de mortes causadas pela nova gripe, à primeira vista, o problema parece menos grave. O total de óbitos é bastante inferior às vítimas das outras três pandemias. De fato, é exatamente isso o que mostram os dados.
Mas devemos considerar que haveria mais mortos se não tivéssemos interferido. Pela primeira vez aconteceu uma mobilização global. Nos EUA houve um grande impacto nos indivíduos jovens e entre as mulheres grávidas, atingindo a comunidade de um jeito inesperado. No ano que vem, esse vírus vai atingir o grupo de pessoas com mais idade. Será quando o número de óbitos crescerá. É por esse motivo que eu acredito que precisamos nos atentar a essa questão agora, provavelmente com mais seriedade do que levamos na primeira onda.
Será necessária uma nova vacina?

Este ano a vacina ainda vai ser tão boa quanto no ano passado. Neste momento não há nenhuma evidência de que o vírus está mudando suas características biológicas. Ele não precisa mudar agora, ainda existem muitas pessoas suscetíveis aos seus ataques. Mas a partir do ano que vem, e especialmente em junho de 2012, provavelmente ele irá mudar. Cientistas do mundo todo estão atentos às mutações. No final desse inverno vamos procurar saber se já existem os primeiros vírus mutantes.
Qual é o potencial de sobrevivência e transmissão do vírus?

Quando uma pessoa espirra sem tapar a boca, o vírus é projetado e pode se fixar em qualquer superfície, permanecendo vivo de 4 a 8 horas. E não adianta limpar apenas com água, é preciso usar produtos de limpeza para desinfetar o local com produtos apropriados. Depois da limpeza, a pessoa deve lavar as mãos, caso contrário, os agentes que ficaram em sua pele sobreviverão. É possível quebrar a cadeia de transmissão do vírus com base no conhecimento. É por isso que estamos usando a comunicação para que as pessoas saibam como lidar com bactérias e vírus.
A mensagem básica é limpar as superfícies com desinfetante e ficar sempre alerta em relação à distância social. Cada um tem a sua responsabilidade de se proteger e de prevenir que outras pessoas sejam infectadas.
Qual é a importância de uma boa higiene no combate ao H1N1?

Estamos expostos ao canal de transmissão o tempo todo, no contato social. Um exemplo: se eu tenho um tipo de vírus influenza e fico a 2 metros de distância de uma pessoa não infectada, ela provavelmente está segura. Mas se esse espaço entre nós cair para menos de 1 metro, esse indivíduo já não estará mais seguro. Estar imunizado, manter uma distância social segura e manter hábitos de higiene são questões importantes.

Quais ações de higiene são mais efetivas?

Estamos interessados em combater os micro-organismos perigosos por meio de hábitos em casa, o lugar preferido desses agentes. Muita gente acha que vai pegar as doenças em outros lugares, mas o domicílio é um dos principais focos de transmissão, uma vez que as residências estão repletas desses seres. O que levamos para dentro casa, como os produtos animais, geralmente estão infectados com inúmeros micro-organismos. Os animais de estimação também têm e transmitem bactérias para seus donos. Mas é nesse ambiente onde as pessoas vivem e não dá para mudar isso. Por isso, é importante ter uma barreira de proteção por meio da higiene. Isso dá certo, não há como errar.
Devemos dar um enfoque a medidas que impeçam a disseminação dos vírus. É uma questão de aprender e ensinar aos outros como as bactérias e os vírus se reproduzem. E fazer a higiene pessoal básica. Todo mundo deve levar esse aspecto muito a sério.
Mantenha as mãos limpas para se livrar dos vírus

A forma certa de higienizar: utilize sempre água limpa e sabonete. Na falta desses recursos, use álcool para esfregar as mãos para matar os germes.
Quando lavá-las?
Antes de...
Comer, alimentar crianças, aplicar lentes de contato, tomar ou dar remédios.

Depois de...
Ir ao banheiro, trocar fraldas, tocar em animais, ter contato com sangue ou fluidos corporais, tossir e assoar o nariz ou tocar em uma pessoa contaminada.

Antes e depois de...
Lidar com comida crua e dirigir-se a pessoas doentes.


Fonte:Revista Viva Saúde

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