domingo, 8 de novembro de 2009

Brasil desperdiça R$ 15,1 bilhões por ano com baixa qualidade de ensino

Esqueça o discurso de que o grande problema da educação no Brasil é a falta de recursos. Tão grave quanto o baixo investimento do País no ensino é o desperdício de dinheiro. Perder um ano é um prejuízo incalculável para o estudante, mas a repetência e o abandono escolar têm o seu preço: R$ 15,1 bilhões a cada 12 meses.

A baixa qualidade do ensino faz com que os meninos e meninas não aprendam o conteúdo e precisem repetir o ano letivo. Ou pior: desistam dos estudos e deixem, definitivamente, a rotina escolar.

“É muito sério porque as crianças ficam sem aprender. Além disso, com esse dinheiro daria para construir inúmeras escolas de ensino infantil, por exemplo”, reconhece a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria do Pilar (leia entrevista abaixo).

Cada escola citada pela secretária custa R$ 1,2 milhão. Ou seja, com o dinheiro perdido daria para entregar 12.662 escolas mobiliadas para a sociedade. Para se ter uma ideia, só a repetência e o abandono da sala de aula nos dois ciclos do ensino fundamental custam, juntos, R$ 12 bilhões. A isso, soma-se o prejuízo da evasão e da reprovação nos três anos do ensino médio que pesam outros R$ 3,2 bilhões.

A conta foi feita com dados do próprio Ministério da Educação. Um estudo do custo-aluno do Instituto Nacional de Pesquisas Educacional (Inep) mostra que o investimento per capita anual em educação no Brasil é de R$ 2.166 para séries iniciais do fundamental, R$ 2.317 para séries finais e R$ 1.572 para ensino médio.

O número de meninos e meninas que não alcançam a aprovação no fim do ano também é do MEC e foram calculados a partir do percentual de reprovação e abandono por série da educação básica. Os dados mais recentes divulgados pelo MEC, neste ano, dizem respeito aos índices de 2007 (veja mapa na página), já que existe um prazo para que as secretarias de Educação enviem os números ao governo federal.

Esses percentuais mostram a repetência média de 13% e 13,5% dos alunos, respectivamente, dos ensinos fundamental e médio. O abandono não é menos preocupante: 5,2% e 14,7%, respectivamente. Se o percentual parece alto, o número impressiona ainda mais: 7,3 milhões de estudantes não conseguiram aprovação no final daquele ano letivo.

Vale lembrar que não estão incluídos na conta outros níveis de ensino como infantil, educação de jovens e adultos e ensino superior. O dinheiro faz falta aos parcos investimentos brasileiros em educação, que anualmente giram na casa dos 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

“O investimento perdido deixa clara a urgência de se mudar a sistemática da aplicação de dinheiro na educação. Os recursos são realmente mal empregados”, observa o especialista em financiamento em educação, o pesquisador da Universidade de Brasília Messias Costa.

Entrevista

A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar, usa um trecho da música do Skank para resumir o desafio do ensino público do país. Em entrevista ao iG, ela lembrou de Pacato Cidadão. “Se o país não for para cada um, pode estar certo que não será para nenhum”, disse.

Ex-secretária municipal de Educação de Belo Horizonte, (MG) e ex-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), ela destaca, no entanto, que apesar de ruim, o quadro tem melhorado.

iG - É uma pena prejudicar todos os anos 7,2 milhões de alunos e perder R$ 15 bilhões por ano...

Maria do Pilar - É mais que isso. É muito ruim porque as crianças ficam sem aprender. Além disso, com esse dinheiro daria para construir inúmeras escolas de ensino infantil, por exemplo.

E como chegamos a um cenário tão ruim?

Como diz a música do Skank, se o País não for para cada um. Pode estar certo que não será para nenhum. Quem não tiver o direito de ler e escrever não vai ser ninguém e o Brasil vai ser um país atrasado e desigual.

O que está sendo feito?

Problemas complexos não têm soluções simples mas estamos trabalhando fortemente para corrigir tantas distorções. Há dez anos era muito pior e os índices de abandono e repetência têm caído a cada ano. Como o ensino básico responsabilidade dividida entre todos os entes, o governo federal trabalha em projetos para melhorar os indicadores e garantir o aprendizado.

Como?

Um das principais ações é a criação do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Por ele, não adianta reprovar o aluno que não sabe e nem passar todo mundo. O programa exige fluxo e qualidade e conta na hora de repassar recursos. Isso gera reflexão.





fonte:IG educação

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