segunda-feira, 29 de março de 2010

Rasgar dinheiro é profissão na Casa da Moeda

Atividade é exclusivamente feminina e emprega 38 pessoas na instituição; cédulas com defeito são destruídas em um triturador

Rasgar dinheiro nem sempre é coisa de maluco. Faz parte da profissão de 38 mulheres que trabalham na Casa da Moeda. Elas conferem a impressão das cédulas, procurando manchas, rabiscos e outras falhas. Quando encontram defeitos, colocam as notas problemáticas no triturador. Basta um pequeno erro, ainda que localizado em apenas uma cédula, para inutilizar uma folha de papel inteira contendo 50 notas impressas.

“Não é só doido que rasga dinheiro não!”, brinca Alessandra Távora, que trabalha há quase 15 anos no setor de Crítica de Cédulas da Casa da Moeda. Com milhares de notas nas mãos, Alessandra aponta falhas quase que imperceptíveis no papel, como num jogo de sete erros de nível avançado.

Pelo setor no qual Alessandra trabalha passam cerca de 250 mil folhas diariamente, num total de 12,5 milhões de cédulas.
Rosana Mello, que trabalha ao lado de Alessandra, arma leques de cédulas enquanto inspeciona as notas. Neste processo, repetido por todas as funcionárias do setor, algumas folhas acabam sendo rasgadas sem intenção, mas em raros casos. “Nosso índice de erros é muito baixo, de apenas 0,89% de toda a produção”, afirma Amilcar Magalhães, chefe do Departamento de Produção de Cédulas da Casa da Moeda.
Só mulher entra

Cabe somente a mulheres a função de encontrar defeito no dinheiro. “As mulheres têm um carinho maior, são mais perfeccionistas no que fazem”, diz Magalhães. “Historicamente este setor, de inspeção das notas, emprega mulheres. Tentamos colocar homens mas não deu certo.”

Depois de inspecionadas, as folhas perfeitas são numeradas. Em seguida, passam por guilhotinas, que as formatam no devido tamanho. O técnico Clayton Silva é um dos poucos funcionários da Casa da Moeda que pegam a cédula pronta para a distribuição. “Enquanto estou aqui trabalhando não vejo essas notas como dinheiro; vejo-as como produto”, diz. “Mas, quando saio do trabalho e abro a carteira para pagar alguma coisa, penso: eu fiz isso.”



Os homens que copiavam

O exercício de produzir dinheiro, como no filme “O homem que Copiava”, protagonizado pelo ator Lázaro Ramos, é compartilhado por quase todos que trabalham no setor de impressão da Casa da Moeda. Eles se revezam em diferentes tarefas, inclusive a de apertar o botão da máquina que imprime as cédulas.



Vários “homens que copiavam” na Casa da Moeda contaram ao iG que são constantemente chamados, de brincadeira, a pagar a conta quando saem com familiares ou amigos íntimos. Mas também relataram que são poucos os que conhecem sua profissão, por uma questão de segurança.

“Já apelidaram minha filha, que vai nascer em abril, de riquinha”, conta J.R. que, entre outras funções, é técnico que opera máquinas de fazer dinheiro.
Segurança máxima

Localizada em Santa Cruz, numa área industrial da zona Norte do Rio, a Casa da Moeda ocupa uma área de cerca de 110 mil metros quadrados. A primeira diferença que se percebe entre a Casa da Moeda e as outras indústrias é o cuidado com a segurança. As roletas de acesso às fábricas de cédulas e moedas possuem travas de aço que ocupam dois metros de altura, do chão ao teto. A revista e o uso de detector de metais são inevitáveis ao fim da visita. Ninguém pode entrar com dinheiro no bolso. Muito menos sair... Os cuidados valem para os visitantes e os 2,1 mil funcionários da empresa.



fonte:IG

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